O sol tem sido explorado como fonte de energia desde o século VII a.C, época na qual lascas de vidro eram utilizadas como lupa para focalizar a luz do astro e acender fogueiras.
A verdade é que maioria das grandes civilizações do passado credita parte do seu desenvolvimento tecnológico e social ao poder do sol: Gregos, Romanos, e até o antigo povo indígena americano Anasazi que, em 1.200 d. C, possuía o hábito acomodar seus habitantes em casas voltadas ao sul para captar o calor do sol em dias de inverno.
Com a chegada do século XVIII, a evolução da ciência possibilitou a criação de tecnologias solares mais engenhosas, como fornos portáteis capazes de captar a luz para manter alimentos aquecidos durante muito tempo, por exemplo. Entretanto, foi apenas no século XIX, através dos estudos do físico francês Alexandre Edmond Becquerel, que o potencial elétrico da energia fotovoltaica foi descoberto.
Com apenas 19 anos, em 1839, Becquerel foi capaz de confeccionar no laboratório de seu pai a primeira célula fotovoltaica da história. Ao montar um sistema composto de dois eletrodos imersos em uma solução ácida iluminada por uma lâmpada, o cientista percebeu que fora capaz de criar uma corrente elétrica, concluindo que a luz que incidia na célula era a verdadeira responsável por fornecer energia para que isso fosse possível.
Apesar de inegavelmente revolucionária, a capacidade de geração de energia elétrica a partir de luz permaneceu pouco explorada por mais de um século. Alguns dos poucos eventos relevantes para o nicho durante esse período foram as conquistas do inventor nova-iorquino Charles Fritts. Em 1883, o estadunidense desenvolveu a primeira célula solar revestida de selênio, inaugurando o início da tecnologia fotovoltaica moderna ao incluir um ametal como base para sua placa (nos dias de hoje, a maior parte dos painéis é confeccionada a partir do silício, também um ametal).
Foi apenas na década de 1950, histórica para a energia fotoelétrica, que a primeira placa como conhecemos hoje foi concebida. Calvin Fuller, um físico-químico de Chicago, desenvolveu alguns anos antes o primeiro processo de dopagem do silício, responsável por aprimorar o desempenho elétrico das placas.
O painel de silício dopado foi patenteado em 1954 pelo engenheiro Russell Shoemaker Ohl, um colega de laboratório de Fuller, durante uma reunião da National Academy of Sciences, nos Estados Unidos. O primeiro painel a ser utilizado de forma prática, no entanto, apenas entrou em operação 4 anos mais tarde, em 1958, quando uma célula de 1 W foi anexada ao satélite Vanguard I, enviado ao espaço pelo governo americano, para alimentar seu rádio.
Ainda em 1958, os primeiros kits de energia fotovoltaica passaram a ser comercializados, atraindo muitas empresas privadas para o ramo, fenômeno esse que permitiu a abertura de mais centros dedicados ao seu estudo e mais arrecadação de fundos para pesquisa.
De lá para cá, muita coisa mudou: a tecnologia aumentou sua eficácia em absorção e conversão de energia luminosa em energia elétrica em mais de 15 vezes, a China ultrapassou os Estados Unidos e passou a protagonizar o cenário de geração de energia solar e o mercado brasileiro bateu recorde de crescimento, ultrapassando os 2,4 GW instalados em 2019.
A história da energia solar possui um lento começo, tomando séculos. Todavia, seu desenvolvimento após 1958 se deu de forma acelerada, com pouco mais de 60 anos separando o primeiro uso prático de placas, no Vanguard I, até maio de 2022, mês em que a energia solar se tornou oficialmente a segunda matriz energética mais utilizada no mundo.
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